segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aço Importado

Números apontados pelo IABr - Instituto Aço Brasil, antigo IBS - Instituto Brasileiro de Siderurgia no jornal Valor Econômico de 22/09/2010, de que as importações de aço pelas siderúrgicas brasileiras não passam de 8% (oito por cento), não merece credibilidade. A informação divulgada difere dos números reais, principalmente pelos números das importações das siderúrgicas brasileiras que juntamente com as importações de aço de suas coligadas, representam 50,562% (cinquenta inteiros, quinhentos e sessenta e dois centésimos), ou seja, praticamente metade do aço importado pelo Brasil. Considerando a cotação da moeda brasileira frente ao dólar americano, a notícia não é ruim para o setor industrial na medida em que a saída de dólares corrobora para conter a valorização do Real e, consequentemente a entrada de aço mais barato ajuda a segurar a inflação.

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Importações de Aço - Janeiro a Junho de 2010

Produto

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Total

Chapa Grossa

39.323

31.531

46.612

23.392

31.560

35.677

208.095

Laminado a Quente

82.357

54.039

132.282

146.549

88.936

63.431

567.594

Laminado a Frio

69.753

43.640

121.298

105.635

88.410

79.632

508.368

Revestido

53.470

92.094

104.375

76.072

82.038

108.494

516.543

Total Aço Plano

244.903

221.304

404.567

351.648

290.944

287.234

1.800.600

Importações de Aço - 1º Semestre de 2010 - Setor - Números Estimados

Setor Responsável Importação - Aço Plano

Volume Aproximado (US$).

Participação

Siderúrgicas Brasileiras - IABr

572.950.000,00

48,611%

Máquinas e Equipamentos - Abimaq - Outros

125.500.000,00

10,648%

Automobilístico - Anfavea

170.000.000,00

14,423%

Tradings

47.000.000,00

3,988%

Estaleiros

91.000.000,00

7,721%

Distribuição Coligada - Inda - Sindisider

23.000.000,00

1,951%

Distribuição Independente

150.000.000,00

12,727%

Total Aço Plano

1.179.000,00

100%

Embora o reiterado anúncio de crescimento da produção, o Brasil demonstra crescimento sim, mas, na produção de placas de aço para exportação, refletindo na crise ininterrupta do ferro gusa, na medida em que Estados Unidos, Japão e Europa pretendem alcançar a produção limpa. Toda mudança provoca uma reação, mas, o Brasil demonstrou não estar preparado quando a Coréia do Sul, país sem nenhuma tradição na produção siderúrgica o ultrapassou.

País

1980

1990

1995

2000

2005

Coréia do Sul

8.558

23.125

36.772

43.107

47.820

Brasil

15.337

20.567

25.076

27.865

31.610

 

 

Por anos o número reduzido de produtores favoreceu acordos incluindo metas de colocação nos mercados interno e externo[1]. A informalidade de acertos e a falta de concorrência externa favoreceu este cenário. Pouco após a privatização a siderurgia brasileira estagnou. A forma predominante de concorrência entre as empresas produtoras de aços contribuiu para a estagnação. Nas fases de crise ou de aquecimento da demanda prevaleciam as metas de colocação e acordos em torno de preços: BNDES (1987: 48)

“É informacional porque a produtividade e a competitividade de unidades ou agentes nessa economia (sejam empresas, regiões ou nações) dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos. É global porque as principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão organizados em escala global, diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos. É informacional e global porque, sob novas condições históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita em uma rede global de interação” (Castells, Manuel - A Sociedade em Rede).



[1] Segundo Paula “O que se vê, muitas vezes, são acordos fechados entre várias empresas, filiadas a ASP (Associação de Siderúrgicas Privadas), com o objetivo de ‘sustentar a estrutura de mercado”. A ASP foi fundida com o Instituto Brasileiro de Siderurgia, conservando a denominação deste último.

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